Chegamos ao Sábado de Aleluia desta semana santa, com um gostinho de "precisamos de muito mais" em nossas bocas. Ao lembrarmos do sacríficio de Cristo, é improvável que não lembremos e não façamos algumas comparações com a vida que todos nós enfrentamos, pois a vida realmente é um enfrentamento constante em que precisamos estar muito atentos e precavidos para sabermos quem são realmente nossos verdadeiros amigos.
Como todos nós sabemos, Jesus Cristo foi traído por um dos seus díscipulos mais próximos, Judas Iscariotes, o qual cego pela ganância entregou-o com um gesto afetuoso: um beijo. Só que Jesus, filho encarnado de Deus, já o sabia e já tinha advertido os apóstolos de tal acontecimento, bem como também o tinha feito a respeito do próprio Pedro, mais fervoroso discípulo e que viria a negá-lo por três vezes.
A reflexão a que nos referimos no início do texto é exatamente sabermos quem são os Judas, os Pedros, os apóstolos, os fariseus, os Pilatos e tantos outros personagens que nos ensinam o quanto o ser humano é falível, imperfeito, ganancioso, invejoso e mesquinho.
Podemos ter como Judas aqueles que caminham junto conosco, mas que cedo ou tarde, nos trairão e nos entregarão ao covil dos lobos por 30 dinheiros. Perceber quem são os nossos Pilatos, que lavarão as mãos é primordial para que saibamos quem são os nossos verdadeiros amigos, pois ser amigo na felicidade é fácil e proveitoso, o díficil é sê-lo na adversidade. Os Pedros serão aqueles que mesmo sendo nossos verdadeiros amigos serão forçados a nos negar, sob pena de serem condenados ao mesmo destino que nós.
Mas na verdade, o que mais deve nos nortear é o próprio Cristo, que foi torturado, humilhado, ridicularizado e crucificado, tudo isso em silêncio como um cordeiro, aceitando o seu destino mansamente, pois sabia que existe uma vida maior, um futuro melhor e que ressuscitaria dos mortos para deixar o seu exemplo para todo o sempre. Ontem, assistindo a um interessante filme sobre Tomé, o apóstolo que após a morte de Cristo buscou desesperadamente o seu corpo e que deu origem a expressão popular "só acredito vendo", lembramos de algumas situações que vivemos no dia-a-dia de nossas vidas.
Quando muitos nos advertem sobre as traições que estão por vir, quando alguns chegam até a bradar que seremos traídos, preferimos muitas vezes nos fazer de Tomé: só acreditar quando virmos. É por demais díficil aceitar que sentimentos cruéis, obscuros, mesquinhos e pequenos como a inveja, a ganância e a crueldade possam habitar ainda no seio do ser humano, mesmo após o sacríficio de Cristo.
Mas é aí que mora a chave do enigma. É aí que podemos nos amparar: Cristo ressuscitou! Voltou para a vida eterna ao lado de Deus Pai e deixou para nós os seus ensinamentos que atravessaram eras e perduram até hoje. Jesus mostrou que é possível ser melhor, é preciso aceitar as agruras da vida como provas que nos são impostas, pois para evoluir precisamos da dor e do sofrimento. O mais importante que Jesus Cristo deixou foi a certeza de que é possível renascermos, é possível nos renovarmos e a Páscoa é uma dessas ocasiões.
Que possamos lembrar o quanto Cristo sofreu para nos libertar e nos dar a chance de recomeçar, um dia após o outro, na certeza de que é possível melhorar, é possível evoluir e crescer como seres humanos. Que a Páscoa, sinônimo de reflexão e ressureição, possa nos servir como ponto inicial de uma renovação espiritual que nos leve a sermos cada dia melhores, a pensar mais no todo e não no individual, no outro e não em nós mesmos e principalmente, a trabalharmos cada dia mais para que sejamos artífices de um mundo melhor.
A transformação está em cada um de nós! Ressuscitemos e sejamos melhores! Feliz Páscoa!
NR: A última notícia que tivemos do Soldado Carneiro é de que ele estaria fora de perigo, mas ficará realmente paraplégico. Continuemos as nossas preces para que seu restabelecimento seja completo, porque para Deus não há impossível.
Nenhum comentário:
Postar um comentário